DEUS


(Teologia Própria)
Este não é um estudo sobre um livro da Bíblia, sobre um personagem Bíblico, ou sobre uma doutrina da Bíblia, é um estudo sobre o tema mais importante – DEUS.

A Bíblia é um livro fascinante, os seus personagens admiráveis, as suas doutrinas e ensinos indispensáveis, mas acima de todas estas coisas nós precisamos conhecer Deus, o Autor deste livro.
Não é possível conhecer Deus em toda a Sua dimensão por muito que estudemos e meditemos sobre Ele e Sua palavra, mas este estudo visa apenas dar mais um contributo para que o conheçamos mais e melhor.

SEUS ATRIBUTOS

Para conhecermos Deus podemos começar por estudar aquele que são os Seus atributos.

Chama-se atributo ao adjectivo ou expressão que se associa a alguém para indicar uma característica ou qualidade da pessoa designada por esse nome, ou para o identificar.

p. ex. “aquele homem alto e magro é meu vizinho”. Alto e magro assinalam e indicam características distintivas daquele que é designado por homem, passando assim a ser aquela pessoa identificada entre os demais vizinhos por estes 2 atributos.

ALGUNS DOS ATRIBUTOS DE DEUS.

Cada um dos atributos de Deus daria um extenso estudo, mas vou procurar apenas referi-los e fazer curtas considerações.

Deus possui muitos atributos, a maioria deles só podem ser exclusivamente atribuídos a Ele, outros podem ser encontrados de maneira limitada e num sentido relativo, também no homem.

Começaremos pelos que são exclusivos de Deus, e que se chamam os atributos incomunicáveis.
DEUS UNO  Deuteronómio 6:4

Deus é UNO, indivisível e inconfundível. Estudaremos isto mais tarde em que falaremos de Tri-Unidade e Trindade de Deus. (no Deus verdadeiro não há politeísmo)

INFINITO E ETERNO. 

Como Infinito entendemos que Deus não tem término nem como Ser como em dimensão. (I Reis 8:27 Actos 17:24-29)

Como Eterno não está sujeito ao passar do tempo, para Ele tempo é coisa que não existe, Deus criou o tempo apenas para o homem e a Sua criação. Deus não teve inicio como não terá fim. (Génesis 21:33 Salmos 90:2)

OMNIPRESENTE.  Salmos 139:7-12

A palavra deriva do latim e significa: “estar presente em toda a parte no mesmo momento”.

A Omnipresença de Deus não é aquilo que muitos tentam dizer, dizendo que Deus está em todas as coisas. Esta doutrina chama-se de “Panteísmo”, mas é estranha à Bíblia, mas comum em religiões orientais, em que para eles deus são todas as coisas, tendo nascido daí o eles prestarem adoração a determinadas coisas ou seres do nosso Universo.

IMUTÁVEL  Tiago 1:17

Deus é imutável quer seja na Sua natureza, como em prática.

Deus é perfeito, daí Ele não poder mudar, seja para melhor quer para pior. Embora tudo esteja em constante mudança, Deus permanece sempre o mesmo.

Quando se lê que Deus se arrependeu ou mudou a Sua forma de lidar com o homem, isso não deve ser entendido como se Deus tivesse mudado, porque o Seu plano mantém-se sempre o mesmo, apenas o curso de acção desse plano é mudado para outro curso do mesmo plano.

Deus não precisa mudar devido à mudança de circunstâncias, sendo as circunstâncias parte desse mesmo plano eterno. Se Deus muda-se como muda o homem como poderíamos confiar nele completamente?
OMNISCIÊNCIA  Salmos 139:2-6 / 147:5 Mt. 11:21

O conhecimento de Deus é chamado de omnisciência, porque o Seu saber é universal, abrangendo todas as coisas, pessoas e acontecimentos.

O homem tem um conhecimento parcial e relativo, Deus sabe tudo e conhece todas as coisas reais e possíveis. Jesus sabia como veio a acontecer alguns anos depois, da destruição de Corazim, Betsaida e Cafarnaum.

Os homens vão acumulando conhecimento e tornam-se mais sábios à custa do seu esforço. Deus não precisa ir à escola ou universidade para aprender, Sua sabedoria é infinita sendo a mesma desde sempre.

OMNIPOTENTE   Ap. 1:8 / 19:6  IICor. 6:18

O titulo Omnipotente ou Todo-Poderoso visa expressar que o poder de Deus é sem limite.

Deus é o único Ser omnipotente.
Primeiro , porque  Ele foi o criador de todas as coisas, criando tudo do nada. (deve dizer-se que Deus criou e não que fez, porque a palavra criar significa fazer do nada)
Segundo, é Ele quem sustenta tudo pela Palavra do Seu poder.

O titulo Todo-Poderoso quer ainda dizer que ninguém possui poder semelhante ou igual ao dEle.

SOBERANO  Mateus 10:28-30 Efésios 1

Há muitos que crêem no Deus Bíblico, mas a sua crença não é uma crença num Deus Soberanos que tem o controle de tudo que acontece em todo o Universo, mesmo nas mais pequenas coisas. Como lemos na passagem de Mateus 10: 29 e 30, Deus até dos passarinhos cuida e dos nossos cabelos sabe a quantidade.

É Deus quem governa o Universo. A Ele cabe exclusivamente o direito de vida e de morte, nada acontece sem a Sua permissão.

Nós por vezes fazemos o que nos é possível até nos contentando com isso, achando que aquilo que fizemos foi muito bom, com Deus não sucede isto. Aquilo que for da Sua vontade Ele o faz porque é Soberano.

O crente em Deus mesmo quando atravessa maus momentos e situações difíceis na sua vida, ele não se desespera mas confia em Deus, pela simples razão de ter a certeza que Deus está no controle de tudo e que aquilo que vier a acontecer, será segundo a Sua vontade. Rm. 8:28

A soberania de Deus faz até com que a ira do homem o louve. Sl. 76:10
Lemos na Bíblia por diversas vezes que Deus usou alguns incrédulos como instrumentos seus para os seus propósitos ou impedindo-os de fazer o que Ele não quis que fosse feito, isto porque Ele é todo Soberano e nada ou ninguém lhe poderá resistir.

Atributos Comunicáveis

Dos atributos comunicáveis referiremos apenas os dois mais importantes.

AMOR  I João 4:16

Deus é amor. Esta é uma das declarações mais sublimes de Deus. João é quem nos fala da forma mais sublime acerca do amor de Deus.

Todos sabemos o que significa este amor, um amor que fez o que era inimaginável.

A nós que éramos inimigos de Deus, mesmo assim Ele nos ofereceu o melhor que tinha – Seu Filho o Senhor Jesus. Mesmo sabendo da nossa ingratidão, Deus nos amou a ponto de permitir que crucificássemos o Senhor Jesus e nos perdoando esse crime, recebendo-nos por Seus filhos a todos que se arrependam. Ef. 2:1-5

Este amor é o que Ele deseja que vivamos. Um amor que ame a Deus sobre todas as coisas e ame ao próximo como a nós mesmos. Disto depende toda a Lei como disse o Senhor Jesus. Mt. 22:40
SANTIDADE

Deus é Santo três vezes. Ninguém é santo senão Deus porque a Sua santidade é total e completa, mas àqueles que Deus salvou os santificou por meio de Cristo,  (Hb. 10:10,14) querendo que estes sejam santos em toda a sua maneira de viver e não apenas em sua posição em Cristo. (I Pd. 1:16 Rm. 1:7 ICor. 1:2) Aos santificados Deus os chama a serem santos. ITs. 4:3 “Esta é a vontade de Deus a vossa santificação:”

NOMES DE DEUS

Nomes primários do Velho Testamento

1 - YHWH = Jeová ou Javé

Êxodo 3:14 – “EU SOU O QUE SOU” ( o Auto-Existente)
Este nome fala-nos daquele que existe por si mesmo, que não depende de nada e ninguém. É o nome do relacionamento entre o verdadeiro Deus e o Seu povo. Seu uso realça a santidade de Deus, o seu ódio pelo pecado e amor aos pecadores.

2 - Elhoim = O Forte. O Criador

Elhoim  é a forma plural para Deus. Gn. 1:1,26. Isto fala da Sua Tri-unidade.

Elhoim  é considerado um título e não um nome. Só quando Deus fala a Moisés para o enviar ao Egipto para libertar o Seu povo e perante o pedido de Moisés, Deus revelou  Seu nome: “EU SOU O QUE SOU” e que veio a ser traduzido por Jeová.

E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: *O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é o meu nome eternamente, e este é o meu memorial de geração em geração. Ex. 3:15

* Deve ser entendido como: o Senhor (Jeová) o Deus dos vossos pais,… (o Elhoim de vossos pais)

3 - Adonai = Senhor Soberano, Mestre.  (pronunciado em vez de Jeová)

Este nome indica o relacionamento entre o senhor e o seu servo. É quase sempre usado para substituir o nome Jeová devido ao medo dos judeus em profanar o nome de Deus, eles evitavam pronunciá-lo por isso o substituíram por Adonai. O israelita levava muito a sério o mandamento de não invocar o nome de Deus em vão. Assim, sempre que aparecia o tetragrama YHWH (Jeová), o israelita lia Adonai.

Nomes compostos do Antigo Testamento

1 -  Com  EL

a) El Elyon = Altíssimo   Is. 14:13,14
b) El Roi = O Forte que vê  Gn. 16:13
c) El Shaddai = Todo-Poderoso Gn. 1:20
d) El Olam = Eterno Deus  Is. 40:28
2 - Com Javé

a) Javé Jireh = o Senhor proverá   Gn. 22:13,14
b) Javé Nissi = o Senhor é minha bandeira  Ex. 17:15
c) Javé Shalom = o Senhor é paz   Jz. 6:24
d) Javé Shabbaoth = o Senhor dos exércitos I Sm. 3
e) Javé Raa = o Senhor é meu Pastor   Sl. 23:1

A NATUREZA DE DEUS

Quem é Deus? O que constitui a natureza de Deus? Qual é o modo de ser de Deus?

Apesar de sabermos que Deus é espírito, podemos ainda assim, falar de uma natureza Divina.

Com a palavra “natureza” pretende-se apenas indicar ou evocar as características que distinguem um ser dos demais. Podemos de falar da natureza angélica, da natureza humana ou ainda da natureza animal.

Paulo escrevendo aos Gálatas (4:8) dizia que eles antes  de se converterem, serviam àqueles que por natureza não eram deuses. Logo, estas palavras implicam claramente a existência de alguém que por natureza é Deus.

A Pessoa de Deus é distinta do “Panteísmo” (doutrina que defende que tudo que é agregado é Deus. Deus é tudo e tudo é Deus, dizem os defensores desta doutrina).

Deus é um ser pessoal e como ser pessoal Ele é transcendente (superior, sublime…).

Significa isto que, estando na Sua criação, Deus está ao mesmo tempo acima dessa criação. Ele é uma Pessoa que se revela na Sua criação, mas ao mesmo tempo separado e distinto dela. Porque Ele é maior que a Sua criação, sendo distinto dela por não fazer parte dela.

A grandeza de Deus transcende tudo. Salomão na sua oração de dedicação do Templo em Jerusalém orou assim:”Mas na verdade habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até os céus dos céus, te não poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tenho edificado” IRs. 8:27

Deus é espírito   João 4:24

É necessário reconhecermos esta verdade. Caso contrário haverá dificuldade em compreender a doutrina da Trindade ou Tri-Unidade. Sendo espírito, Deus não pode ser dividido ou composto. É invisível não podendo ser tocado. (João 1:18)

A Bíblia algumas vezes atribui partes do corpo a Deus. Fala de Seus olhos, face, mãos, braços… Esta linguagem deve ser entendida como linguagem figurativa que foi usada de modo a ser acessível ao entendimento do ser humano.

UM SÓ DEUS

I Cor. 8:4-6 Is. 45:21,22

A grande maioria das religiões possuem e adoram vários deuses. Temos ainda as religiões que dizendo-se monoteístas, apesar disso adoram e honram vários personagens a quem atribuem poderes e atributos iguais ou semelhantes aos de Deus.

No cristianismo temos o exemplo flagrante da religião católica, que como é bem evidente adoram e prestam culto a variadas pessoas que a sua religião consagrou como divindades e mediadores entre os Homens  e Deus.

A Bíblia declara repetidamente a existência de um só Deus verdadeiro e que fora deste Deus, todos os demais que sejam elegidos por quem quer que seja, são falsos deuses.

Porque Deus só existe UM, todos que assim crêem são chamados a amá-lO de TODO o coração, alma e forças (Mc. 12:32,33). Não resta possibilidade alguma para que o nosso amor possa ser repartido com outro qualquer deus.

 A Unicidade de Deus que significa a existência de um Deus único, exige por isso a existência de um culto único (Mt. 4:10 Ex. 34:14).

Esta é a razão porque Deus proíbe que se façam imagens e esculturas, mesmo as que pretendam retratá-lO a Ele mesmo, pois este Deus verdadeiro não poderá nunca ser retratado, pois é maior e mais extenso que nossos pensamentos e imaginação.

Ex. 20:4 Actos 17:24-29 Deus não precisa da existência de representações materiais para comunicar com o ser humano, porque Ele é espírito e comunica com o Homem de forma espiritual.

Uma imagem ou uma figura que o Homem faça de Deus, fere e ofende a Sua glória, que é infinita. Nada existe que se assemelhe a Deus, por isso o Homem foi proibido de fazer imagens e de as adorar, pois Deus não poderá ser assemelhado a nada.

DEUS É TRI-UNO

Para além de Deus ser declarado e se declarar UM SÓ, pela Sua palavra nós vemos que Ele é ao mesmo tempo TRI-UNO. Ou seja, composto por três entidades e personalidades que são ao mesmo tempo UM só, e que muito embora a Bíblia não use a palavra Trindade ou Tri-Unidade, nós vemos que o princípio existe e está presente ao longo de toda a Bíblia.

A Tri-Unidade de Deus subsiste em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, e como ensina a Bíblia, os três são UM.

A doutrina da Tri-unidade é mais importante que o que por vezes pensamos. Isto porque esta doutrina não é assim tão unânime como à primeira vista pode parecer, existindo várias formas de pensamento sobre esta doutrina, por isso, convém estarmos bem esclarecidos.

Existe uma doutrina muito antiga (séc. III) mas que hoje (desde 1913) tenta ressurgir, que ensina que Deus é uma só Pessoa e não 3 pessoas distintas, que umas vezes se manifesta como Pai, às vezes como Filho e outras vezes como Espírito Santo.

A esta doutrina chama-se “Modalismo”(modos) ou “sabelianismo”(Sabéllio, defensor desta doutrina). Esta doutrina procura ensinar que Deus é um só ser e que os 3 nomes dados pelas Escrituras, Pai, Filho, Espírito Santo, são apenas 3 formas (modos) de operar diferentes do mesmo Deus. Quando se procura explicar a Trindade usando a ilustração do HO2 (água) nos seus 3 estados; liquido, sólido e gasoso, estamos a usar um argumento modalista, o que não é correcto, sendo mesmo heresia.
 
Aparentemente parece haver alguma lógica nesta ideia e pode parecer à primeira vista que quer seja desta ou de outra forma não tem grande importância.
Se assim fosse significaria que Jesus jamais poderia ter morrido da forma como dizem os evangelhos, ficando em causa toda a doutrina da salvação. Se esta ideia fosse verdade, significaria ainda que Deus teria deixado de existir quando se manifestou como Filho (em carne). Por isso tal ideia deve se considerada heresia.

Por outro lado, se Deus fosse um ser físico existindo desta forma, Ele estaria dividido em três, sendo cada um dos três uma parte de Deus apenas e não Deus na Sua totalidade.

Sendo Deus espírito, torna possível que Ele seja três Pessoas, sendo ao mesmo tempo uma só substância, como cada um deles em Si, Deus completo. Por isso é que lemos a respeito de Jesus que nele habitou corporalmente toda a plenitude da Divindade. (Cl. 2:9)

Deus também não é três pessoas no mesmo sentido de que pai, mãe e filho, são três pessoas da mesma família. Deus é muito mais que este género de unidade. No caso de Deus, o Deus em quem cremos e a quem adoramos, Pai, Filho e Espírito Santo, formam um único Ser de uma só substância.

Posto isto, podemos dizer que somos trinitarianos, mas não “triteístas”. Cremos num só DEUS formado por três Pessoas que embora distintas formam uma unidade absoluta na Sua essência e natureza.

Certa vez dois amigos ouviram uma pregação sobre Tri-Unidade. Ao regressarem da igreja um deles disse para o outro que esta doutrina era impossível matematicamente.

O outro respondeu: “de acordo com a matemática da terra isso é verdade, mas eu não sei nada de matemática celeste”.

A TRI-UNIDADE ESTÁ PRESENTE EM MUITAS PASSAGENS BIBLICAS.

1 - A Bíblia ensina-nos a matemática celestial, começando a mostrar-nos a Tri-Unidade logo no primeiro versículo da Bíblia ,quando nos fala de Deus dando-lhE nomes no plural. Gn. 1:1 “No principio criou Deus…” Primeiramente aparece-nos o verbo no singular; “criou”. Depois surge o substantivo no plural “Deus - Elhoim”, querendo isto dizer-nos que a obra é de UM só, mostrando-nos o substantivo plural, um trabalho que é feito em união, por alguém de uma só essência.

2 - Quando nos apresenta Deus falando de Si mesmo dizendo: “Façamos…” Gn. 1:26, “Desçamos…” Gn. 1:17.
3 - No Baptismo de Jesus: Mateus 3:16,17 Com a presença simultânea dos TRÊS.
4 - Na fórmula Baptismal: “Em NOME do Pai, do Filho e do Espírito Santo” Mateus 28:19. Nós não lemos que seja repetido a palavra “nome” para os três, mas que seja em nome dos três em conjunto. Também não é dito em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, como se fossem três designações do mesmo Ser. A passagem diz exactamente isto: “ Em NOME do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, ficando bem claro que são três e que os três compõem UM só.

Estes  são os mais significativos exemplos, dos muitos que se encontram nas Escrituras.

Ex. bênção apostólica 2Cor. 13:13. Em João 14-17 Jesus fala do Pai e do Espírito Santo como Pessoas distintas. Na oração nós oramos ao Pai em nome do Filho, sendo o Espírito Santo quem guia e interpreta a nossa oração. Rm. 8:26 - Jd. 20

DEUS - SUA FIDELIDADE

DEU É FIEL

Deut. 7:9 / 32:4
Uma das principais características de Deus é ser fiel.

Ser fiel significa: leal; constante; firme; fidedigno; verdadeiro.

Deus é fiel em toda a dimensão.

Certo homem um dia ia de viagem parando para almoçar num restaurante para comprar comida para comer durante a viagem. O proprietário tinha por hábito guardar o seu dinheiro para depois levar ao banco e depositar, num saco igual aos que dava aos clientes com a comida que compravam. Ao servir aquele cliente ele fez confusão e em vez de entregar o saco da comida entregou-lhe o saco com o dinheiro. Depois de ter feito alguns quilómetros o homem apercebeu-se do sucedido e como era uma pessoa honesta voltou para trás para devolver o dinheiro ao seu dono.

O homem do restaurante entendeu que aquele acto era digno de ser tornado público e disse ao homem que gostaria de chamar a imprensa local para que aquele gesto fosse publicado. O proprietário insistia mas o homem dizia que não queria, mas ele insistia sempre até que o homem teve de dizer a verdadeira razão da sua recusa. Então ele disse: sabe, eu não quero que isso aconteça porque a senhora com quem eu estou de viagem não é a minha esposa.

Este homem era honesto nesta área da sua vida, mas não podia ser considerado íntegro e fiel em toda a dimensão.

Com Deus isso não acontece, Deus é fiel na Sua Pessoa; no Seu Carácter; na Sua Natureza; na Sua Palavra; na Sua Essência. Ou seja, Deus é fiel em tudo.

• A fidelidade faz parte de Deus.

A inconstância é o que caracteriza o pecador e aquilo que o distingue de Deus.

A fidelidade de Deus é o que nos faz descansar e ter o maior conforto.

Para o crente a fidelidade de Deus é o travesseiro para aquele que tem a cabeça cansada, o estimulo para o coração que desfalece, o apoio para os joelhos fracos… Em todas as circunstancias podemos sempre contar com Deus, pois Ele nunca decepciona aqueles que nele confiam, por que a Sua fidelidade nunca falha.
É a Sua fidelidade juntamente com o Seu ilimitado poder a base da nossa esperança eterna.

Os homens decepcionam-nos por falta de fidelidade, ou por falta de poder. Com Deus nunca pode haver decepção porque nele estas duas coisas nunca faltam.

A infidelidade é a principal causa do estado a que este mundo chegou.

Na economia a crise está associada com a falta de cumprimento dos compromissos que foram assumidos. As pessoas compram e depois não pagam. Patrões há que roubam e exploram os seus empregados… a desonestidade está sendo cada vez maior e depois geram-se as injustiças, etc.

A nível social aumenta a infidelidade conjugal. Nas amizades as pessoas traem-se por qualquer preço, quase não se pode confiar em ninguém incluindo os mais chegados e aos que temos como amigos…

Na política já nem se estranha que quebrem as suas promessas com a maior das facilidades, como se fosse normalíssimo dar o dito por não dito de hoje para amanhã.

A religião também não escapa a este descalabro de infidelidade. Cada vez mais se ouve de casos de pessoas que se servem do nome de Cristo, da capa da sua religião, ou da própria Bíblia, para o seu interesse pessoal, para enganar e explorar, e até já se mata em nome de Deus, mais longe que isto será difícil chegar.

Deus é fiel a Si mesmo.

II Tm. 2:13 – Rom. 3:3,4 A fidelidade de Deus não depende da fidelidade do homem.

Os homens podem ser infiéis uns para com os outros e até para com Deus, apesar disso Deus manter-se-á sempre fiel a Si mesmo.

A fidelidade de Deus é algo que vai para além daquilo que Ele tenha proclamado aos homens.
A fidelidade de Deus é eterna, por isso antes mesmo que o homem fosse criado, Deus já tinha planeado chamar para si um povo a quem se propôs chamar e salvar.

Este era um plano que só Deus conhecia e mais ninguém. No entanto, se Deus altera-se esse plano não justificando e salvando todos aquele que predestinou lá bem atrás na eternidade, Ele não seria fiel a Si mesmo.
Mesmo sem que este plano ainda tivesse sido anunciado mas apenas pensado, para Deus isso era como se Ele o tivera revelado, e deixar de o cumprir era deixar de ser fiel a Si mesmo.

FIDELIDADE DE DEUS – A BASE DA NOSSA SEGURANÇA

Sl. 89:30-36  A promessa feita neste Salmo é uma promessa feita a Israel, mas que podemos espiritualmente transportar para o crente em nossos dias. Deus é o mesmo e tudo que Ele diz, Ele cumprirá.

Nós estamos seguros da nossa salvação eterna, com base unicamente na fidelidade de Deus e em nenhuma outra base. Quem nos garante que estamos salvos? É o pastor da nossa igreja? Um conselho de pastores ou bispos? Algum decreto de qualquer religião? Algum notário? Temos algum documento passado por alguém idóneo que nos garante que quando morrermos vamos para o céu?

Nós só temos por base da nossa certeza a palavra de Deus e a nossa fé nessa palavra de que Deus é fiel e que por isso nós podemos descansar, porque o Espírito Santo que nós habita nos transmite essa confiança de que Deus é fiel à Sua palavra cumprindo tudo aquilo que nela nos promete.

Para que escapemos à correcção e disciplina de Deus, isso depende da nossa boa conduta, mas o termos certeza de salvação depende da fidelidade de Deus, de outro modo nós não nos manteríamos salvos nem por um hora.

Em Romanos 11:29  nós lemos: “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento ( irretratáveis.)”

Tudo que Deus dá é definitivo. A Sua fidelidade não permite que o que Ele dá possa ser retirado, salvo se a Sua promessa estiver sob condição, o que em alguns casos sucede mas não a respeito da segurança eterna.

Uma ressalva: Deus apenas terá de ser fiel a respeito do que prometeu. P. ex. alguns podem pensar que se não trabalharem Deus vai sustentá-los, porque prometeu dar-nos o que precisamos… existem aqueles que tem fartura e até esbanjam só não tem para dar a Deus, mas até poderão pensar que se amanhã  ficarem pobres, Deus vai resolver…

Em casos como estes aquilo que Deus promete é que se fizermos as coisas como Ele ensina, quando surgirem as dificuldades, Ele estará connosco. Num certo sentido e nestas circunstancias Deus funciona como um banco em que precisamos de primeiro depositar para depois recebermos com juros, e estes juros que Deus dá, isso podemos ter a certeza, nenhum banco oferece igual.

João 10:27-29 I Pd. 1:5

O homem não tem poder de guardar-se a si mesmo. É Deus quem salva, sendo Ele também quem nos mantém salvos, por isso é que nós podemos manter esta confiança. Se alguém julga possuir capacidade para se manter salvo por si mesmo, está redondamente errado e acabará indo para o inferno.

DEU É FIEL NO DISCIPLINAR

Salmo 119:75

Até no corrigir e disciplinar Deus é fiel. Nós por vezes corrigimos e disciplinamos alguém fazendo-o de modo injusto, ou pelo menos sem aquela medida correcta.

David sentiu a disciplina de Deus, mas ele não se revoltou, pôde mesmo aceitá-la e considerá-la justa. David compreendeu que tendo pecado deveria ser corrigido e que a correcção que recebera de Deus era para seu bem, muito embora desagradável.

Os crentes no Senhor tem tendências semelhantes às das ovelhas em se desviarem. Deus como fiel Pastor sabe como usar a Sua vara da maneira correcta e medida justa para nos fazer voltar ao rebanho.

Sl. 119:67 Aqui vemos David a reconhecer que a correcção  fez com que ele voltasse a guardar a palavra.

Hb. 12:11 Na verdade, nenhuma correcção parece no momento ser motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos que por ele têm sido exercitados.

Depois de tudo que estudamos e por muitas outras coisas que poderíamos ainda estudar acerca deste assunto, temos razões para continuar a depositar a nossa confiança em Deus, porque Ele mantém-se fiel em todas as circunstâncias. Quer seja no bom que Ele dá, como naquilo que por vezes nos cause tristeza e mesmo dor.

DEUS – SUA MISERICÓRDIA

A Bíblia dá grande destaque à misericórdia de Deus. Deus é essencialmente amor, mas um dos principais canais por onde brota o amor de Deus é a misericórdia.

Através da misericórdia de Deus se recebem outras coisas, a principal de todas a salvação, mas também socorro, ânimo e a cura. P. ex. o cego de Marcos 10:46-52 quando se dirigiu a Jesus apenas pediu misericórdia. Ele sabia que se Jesus tivesse misericórdia dele algo mais aconteceria, como aconteceu e que foi a cura da sua cegueira.

Como pecadores ainda perdidos, antes de pedirmos a Deus o seu amor e a sua graça, deve-se pedir a sua misericórdia. O pecador perdido não tem ainda o direito a pedir a Deus o seu amor e a sua graça, devendo primeiramente apelar à sua misericórdia.

Como perdidos condenados e mortos aos olhos de Deus, aquilo que os pecadores necessitam de Deus é da Sua misericórdia, e é pela misericórdia que vem a graça, e graça que se traduz na salvação. Isto é, Deus tira-nos de um estado que por direito merecíamos e nos coloca em outro estado sem que o mereçamos.

MISERICÓRDIA – Significado:  compaixão; piedade; clemência…

Ser misericordioso é usar de compaixão para com alguém inferior, normalmente inimigo.

O homem que ainda não recebeu a misericórdia de Deus significa que é inimigo de Deus. Quando se está na situação de inimigo de Deus, quer dizer que tal pessoa nada tem que possa dizer ou fazer em sua defesa, mas que é culpado e réu de juízo, sem méritos que lhe valham para apelar à Lei.

A misericórdia do Juiz é a sua única esperança, porque apelando para a justiça, é o mesmo que pedir para ser lançado no inferno, pois perante a Lei é merecedor de morte.

MISERICÓRDIA E GRAÇA
I Pd. 1:3 “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.”

A graça de Deus que significa salvação é descrita por todo o N.T. em ligação directa à obra do Senhor Jesus realizada na cruz , Sua morte e ressurreição.
Fora desta obra não existe graça, nem poderá haver misericórdia e sequer salvação.
No estudo seguinte veremos detalhadamente o que é a Graça de Deus, mas para que não se fique com a ideia que misericórdia e graça são a mesma coisa, gostaria de mostrar algumas das distinções entre misericórdia e graça.

Muito embora a misericórdia e a graça tenham muito em comum, é importante que conheçamos quais as suas diferenças.

• A misericórdia perdoa. I Tm 1:13 A graça justifica. Rm. 3:24
• A misericórdia remove a culpa e a pena. Pv. 28:13 A graça imputa a justiça. Rm. 4:5
• A misericórdia liberta seu objecto. Lc. 10:33,37 A graça transforma. Tito 2:11,12
Tudo isto para dizer que a misericórdia vê o homem num estado de miséria e degradação espiritual completa, e enchendo-se de compaixão tudo faz para que o homem escape dessa sua terrível situação.

MISERICÓRDIA E ENDURECIMENTO

Romanos 9:18  “Portanto, tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece.”

Este texto aparentemente e tomado isoladamente poderá dar a ideia de que a misericórdia de Deus não é para todos.

Aquilo que a passagem quer transmitir-nos é que Deus é soberano no conceder a Sua misericórdia e de que nada nem ninguém poderá pressionar ou influenciar Deus a ser misericordioso.

Nós vemos em várias outras passagens Bíblicas de que Deus jamais negará a Sua misericórdia a quem quer que seja. (João 6:37 – I Tm. 2:4 – II Pd. 3:9) é nisto que vemos a riqueza da palavra de Deus, uma palavra que não se contradiz, antes se interpreta a si mesma, devendo ser esta a forma correcta como ela deve ser estudada, comparando sempre Escritura com Escritura.
Efésios 2:3-5 Tito 3:5

Não está na mão do homem fazer com que Deus seja misericordioso porque Deus já o é. Estas duas passagens em Efésios e Tito são extremamente claras a respeito de que por suas obras ou outro tipo de esforços o homem possa conseguir atrair para si misericórdia, porque muito antes a misericórdia já se encontra disponível, só falta da parte do homem o querer recebe-la.

Por natureza os homens nascem sendo filhos da ira, estando endurecidos no seu espírito. Apenas quando convencidos pelo Espírito Santo a olharem para Jesus morto e depois ressuscitado, como sendo uma oferta da misericórdia de Deus, e se arrependem confessando seus pecados, então essa misericórdia passa a ser real e efectiva na vida dessa pessoa.

A MAIOR DEMONSTRAÇÃO DE MISERICÓRDIA
João 3:16
A maior demonstração de misericórdia dada por Deus aos homens, foi-nos dada na entrega do Senhor Jesus a morrer na cruz em lugar de cada um de nós.

Quando  todos mereciam serem julgados e condenados pela justiça de Deus, Ele na Sua grande misericórdia mandou Jesus para nos redimir da condenação da Lei.

Não foi o Senhor Jesus que nos trouxe a misericórdia de Deus, foi o inverso; a misericórdia de Deus é que trouxe o Senhor Jesus até nós. A misericórdia que salva o homem da condenação vem de Deus, mas somente por meio do Senhor Jesus.

A MISERICÓRDIA E O PROPICIATÓRIO

Misericórdia tem muito que ver com propiciação. O publicano que subiu ao Templo a orar com aquele fariseu de Lucas 18, orando apenas dizia: “tem misericórdia de mim pecador” ou como dizem outras versões: “Sê propicio a mim pecador”.

O Propiciatório é aquilo a que podemos chamar “Lugar de Misericórdia”

No tempo da Lei por ordem dada por Deus a Moisés, havia um propiciatório. Uma espécie de chapa em ouro que cobria a Arca da Aliança que se encontrava dentro do lugar chamado Santo dos Santos e que tinha dentro as tábuas da Lei, a vara de Aarão, o primeiro sacerdote, e um vaso com maná que foi o pão que os israelitas comeram no deserto e que representa o Senhor Jesus que é o Pão da Vida (João 6).
O propiciatório media c. 115X70cm, tendo um querubim (anjo) de cada lado. O propiciatório era onde no dia da expiação se aspergia o sangue do bode que era morto para expiação pelo povo, para que Deus fosse benevolente para com os israelitas por causa dos seus pecados.

Este era o lugar de encontro entre Deus e os israelitas, em que o Sumo sacerdote matando o animal e aspergindo do seu sangue no propiciatório, sendo através disto a base da paz entre o homem pecador e o Deus Santo.

No N.T. existe um outro Propiciatório distinto daquele do V. T.
O Propiciatório do N.T. não é um lugar ou um objecto, mas uma Pessoa – O Senhor Jesus.
O primeiro propiciatório apontava para Jesus que é o verdadeiro Propiciatório, e cada pecador terá de recorrer a Ele para receber de Deus a misericórdia.

Romanos 3:24,25 “sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos;”
Segundo esta passagem, o sangue de Jesus é o meio pelo qual a ira de Deus pode ser aplacada de modo a que essa ira não seja descarregada sobre o pecador, e isto porque essa ira já foi descarregada sobre Jesus na cruz do calvário.

Para que a mesma ira não caia sobre o pecador, ele apenas precisa depositar a sua fé no sangue de Jesus.

Infelizmente e apesar da Bíblia ser tão clara a este respeito, muito há que neste mundo esperam na misericórdia de Deus de modo diferente.

Essa é uma esperança falsa, porque como diz a palavra de Deus, só Jesus foi proposto por Deus como propiciação do nosso pecado, por isso fora de Jesus não pode haver salvação.

Muitos há que acreditam num Deus misericordioso, não acreditando que esse Deus na mesma medida que é misericordioso também é justo e que por causa da Sua justiça terá de julgar o pecado condenando o pecador.

Esta condenação só não acontecerá se o pecador der lugar ao arrependimento e à fé no Senhor Jesus.
Fora de Jesus, Deus não é misericordioso, mas um fogo consumidor.
Isto é motivo para meditarmos seriamente caso ainda não depositamos a nossa fé exclusivamente em Jesus que é o único escape à ira de Deus, como também é um assunto que devemos falar sem rodeios e com clareza àqueles que pensam que Deus é só amor, misericórdia e bondade… e por fim irá perdoar todos de uma outra forma.

Não esqueçamos de falar dizendo que Deus também é justo e santo e que não pode permitir o pecado na Sua presença e que para esse pecado seja limpo e purificado, só será possível pela fé no Senhor Jesus.

Sejamos fieis quando evangelizarmos nunca deixando de dizer estas verdades.

A GRAÇA DE DEUS

A graça de Deus é das coisas que o crente mais deve lembrar e agradecer.
É pela graça de Deus que o pecador é salvo e é pela mesma graça que ele se mantém salvo e tudo o que o crente é e faz que glorifique a Deus é apenas pela graça de Deus, nunca por mérito ou capacidades próprias.

Até mesmo as vitórias que conseguimos sobre as dificuldades, tribulações e tentações só são possíveis pela graça de Deus, que nos dá a força e capacidade para as enfrentar.

O ap. Paulo quando orou ao Senhor para que Ele o livra-se de seu espinho n carne (II Cor. 12:9), o Senhor lhe respondeu que não o faria, mas que por outro lado lhe fez a promessa: “a minha graça te basta”. Ou seja, irás continuar tendo essa dificuldade, mas eu serei contigo dando-te graça para a suportar.

GRAÇA COMPLETA.

Ef. 2:8 II Tm. 1:9
O que dá tanto valor e importância à graça de Deus é o facto de não só a Sua graça salvar o homem, mas de esta salvação ser um plano de Deus que Ele mesmo executou.

Deus é o arquitecto e ao mesmo tempo o construtor da nossa salvação..

A salvação pregada e oferecida pelas religiões são sempre na mesma base; por meio de obras que o homem terá de fazer, sacrifícios, penitencias, pagando em dinheiro ou ofertas…

A salvação de Deus é diferente, ela é pela graça sem nada ter de pagar ou fazer. É uma salvação em que o ser humano jamais poderá dizer que teve mérito na sua salvação.
Um tipo de salvação baseada no mérito, significaria que Deus foi obrigado a conceder essa salvação. Sendo assim, uma salvação dessas deixaria logo de ser pela graça, contrariando tudo o que diz a Bíblia. Rm. 4:4

Por outro lado e porque Deus é santo e a Sua santidade não lhe permite ter comunhão com o pecado, não seria  possível a Deus salvar alguém sem que a Sua justiça fosse realizada. Caso a justiça fosse aplicada no pecador este jamais subsistiria. Sendo assim, só havia uma forma possível para salvar o homem.

Para isso Deus fez um plano, plano esse que Ele mesmo executou. O plano foi este; Deus enviou a Jesus a este mundo tornando-se num ser humano igual ao homem, para que depois de viver neste mundo fazendo a vontade do Pai sem nunca ter pecado, cumprir a justiça de Deus mesmo assim ser feito pecado sendo morto para receber o castigo que competia ao pecador, para assim poder remir o homem do seu pecado.

O Senhor Jesus suportou a justiça de Deus e sendo achado justo e perfeito, pode agora perfeitamente salvar todo aquele que por fé confia nessa obra e recebe a Jesus como seu substituto naquela cruz. (Hb. 7:25)

DEFINIÇÕES DA GRAÇA

A palavra graça é traduzida da palavra grega “Charis” e aparece no NT mais 150 vezes.

A palavra graça aparece com aplicações tão diversas que é difícil resumi-la numa só frase, mas gostaria de citar alguns homens de Deus dizendo aquilo que disseram na tentativa de definir ou descrever o que é graça.

Dr. Dal “Graça é amor que ultrapassa todos os limites de amor” Graça não é algo que se deve ao pecador, mas é algo que ele recebe; não algo que ele pode reivindicar.

Alexandre Whyte “Graça e amor são essencialmente o mesmo, sendo que a graça é o amor manifestando-se e operando em certas condições…”
O amor pode existir entre iguais, ou pode ir até aos que estão acima de nós, descer aos que estão abaixo. A graça por natureza, só conhece uma direcção. Ela desce aos que estão abaixo… O amor de um rei por seu iguais ou pelos do seu palácio é amor. Mas o seu amor aos seus súbditos é graça. Por este motivo o amor de Deus é chamado de graça.

A LEI E A GRAÇA

João 1:17
Antes da graça tivemos a Lei. Como diz o verso: “a Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”

1 – Moisés era a voz da Lei; Cristo foi o porta voz da Graça. A Lei tem por natureza fazer demandas; a natureza da Graça é oferecer bênçãos.

A Lei é um ministério de condenação. A Graça é um ministério de perdão. A Lei coloca o homem à distancia de Deus; a Graça de Deus traz o homem para junto de Deus. A Lei condena o melhor dos homens; a Graça salva o pior dos homens…

Enquanto o homem estiver debaixo da Lei está perdido. O único meio de o homem escapar do jugo da Lei é pela fé no Senhor Jesus. Romanos 10:4 / 11:6

2 – A Graça está em contraste com a Lei na salvação dos pecadores.

A Lei diz: “faz e viverás”. A Graça diz: “Crê e será salvo”

Efésios 2:8 Esta passagem tão conhecida diz com total clareza que a salvação é pela Graça e exclui a possibilidade de uma salvação pelas obras, sejam elas grandes ou pequenas, morais ou cerimoniais. A salvação pela graça não dá ocasião de o homem se gloriar.

A GRAÇA NA TRINDADE

Todas as 3 Pessoas da Trindade são igualmente graciosas para com o pecador. A graça do Pai, do Filho como do Espírito Santo é igual em dimensão, mas distinta em operação e administração.

1 – O Pai é a fonte de toda a Graça. Foi o Pai que propôs o plano da Graça. Ele formulou o concerto de Graça e preparou o meio pelo qual os pecadores sendo banidos da Sua presença, não fossem expulsos para sempre da Sua presença. Então, na plenitude dos tempos enviou-nos Seu Filho para ser o Mediador da Sua Graça. João 3:16

2 – O Filho é o canal de toda a Graça. O único meio pelo qual a Graça de Deus atinge o pecador é o Senhor Jesus. (Rm. 3:24)

João  Bunyan ao contemplar a incomparável graça do Filho bendito de Deus exclamou: “Ó Filho do Bendito! A Graça Te tirou de Tua glória; a Graça Te trouxe para a terra; a Graça fez com que tomasses sobre Ti o peso dos nossos pecados, peso inexplicável de maldição; a Graça se encontrava no Teu coração; a Graça sangrou de Teu lado ferido; a Graça estava nas Tuas lágrimas; a Graça se encontrava nas Tuas orações; a Graça se derramou de Tua fronte coroada de espinhos; a Graça se apresentou nos cravos das Tuas mãos…”

3 – O Espírito Santo é o Administrador da Graça. Sem a graciosa operação do Espírito Santo na conversão do pecador, nenhum pecador beneficiaria da Graça.
João 16:8 Tito 3:5 Hb. 2:4 I Cor. 12:11
É o Espírito Santo que toma o que é de Cristo e o reparte ao pecador. É Ele que desperta as almas perdidas e as leva a Cristo e que depois também concede os dons. (I Cor. 12:11)

O Espírito Santo  é quem revela a graça do Pai e aplica a graça do Filho.

O REINO DA GRAÇA

Romanos 5:21 O ap. Paulo nesta passagem fala sobre dois reinos; o reino do pecado e o reino da Graça. Paulo explica aquilo que cada rei de cada um destes reinos tem para oferecer. O pecado tem para oferecer a morte; a Graça oferece a vida.

Paulo apresenta a Graça como mais poderosa que o pecado. Porém, o homem nunca será capaz por si mesmo de livrar-se da tirania do reino do pecado, porque o pecado é mais forte que as forças do ser humano.

O homem por vezes até poderá conseguir melhorar o seu comportamento, deixando vícios e até actos criminosos, mas nunca o seu pecado. O homem nunca conseguirá regenerar-se a si mesmo. (Jr. 13:33)

Os homens sem Cristo mesmo que o não reconheçam, encontram-se cativos por Satanás e só quando despertados pelo Espírito Santo se arrependem do seu pecado, então é que serão libertados desse cativeiro por meio da Graça. (II Tm. 2:26)

COMO A GRAÇA SALVA – Ef. 2:8,9
Todos que tem como regra de fé a Bíblia normalmente concordam que a salvação é pela Graça, não se atrevendo a negar aquilo que é uma evidencia Bíblica, até mesmo o catolicismo não o faz, pelo menos abertamente.

O problema é que a graça de que muitos falam não pode sequer ser chamada Graça, porque essa graça de que falam se confunde de tal modo com obras e méritos humanos que realmente deixa imediatamente de poder ser chamada de Graça, sendo isso que nos diz Romanos 11:6.

Por regra o homem não crê ou aceita uma salvação que seja apenas pela Graça e isto porque o homem tem pretensão de ser participante na sua salvação. Isto deve-se ao seu orgulho e à sua presunção de que sempre pode fazer alguma coisa para ajudar a Deus.

A salvação pela Graça é algo que vai contra aquilo que é a natureza do homem porque destrói toda a possibilidade de vanglória. Uma ideia de salvação que não permita ao homem vangloriar-se em seus méritos, para ele é uma ideia de salvação errada.
A salvação apenas pela graça como ensina a Bíblia, é uma salvação em que só Deus tem todo o mérito.

Alguns acham que a salvação do homem não pode ser só pela Graça, porque é uma salvação que permite que o homem continue sendo pecador.

Mas isso não significa que a salvação pela Graça seja uma licença para pecar. Existem 2 tipos de conceito sobre salvação e da Graça de Deus, sendo ambos perigosos e errados.

Um deste conceitos consiste em frustrar (anular) completamente a Graça e o outro consiste em abusar da Graça. Um desconsidera a Graça, o outro usa a Graça erradamente.

1 - Frustramos ou anulamos a Graça quando ensinamos que a rectidão vem quando se guarda a Lei. Gl. 2:20,21
2 - Abusamos da Graça se a usamos para justificar uma vida de pecado. Rm. 6:15

Aqueles que justificam seu pecado dizendo que estão debaixo da Graça e não da Lei e que a Graça lhes permite pecar, não conhecem, na verdade, a Graça de Deus. Aqueles que se consideram filhos da Graça desprezam e odeiam o pecado, lutando constantemente contra ele. Quando pecam não justificam seu pecado mas se arrependem e confessam e o deixam. O pecado não é algo normal nem de prática em suas vidas.

A GRAÇA E OS SACRAMENTOS E ORDENANÇAS

(Sacramento, segundo o dicionário: sinal sensível instituído por Deus para dar ao homem a sua graça ou aumentar-lha)
Como já foi dito, a Graça é incompatível com qualquer mérito humano por mais insignificante que ele seja. As religiões apresentam sempre aos seus seguidores no seu plano de salvação, obras e méritos humanos.

No catolicismo p.ex. e apesar de por um lado falarem de salvação pela graça, por outro acabam frustrando essa graça, dando aos seus fieis sacramentos e ordenanças para que possam ser salvos.

Ex. Os 7 sacramentos. Ao contrário do ensino Bíblico a igreja católica ensina que os 7 sacramentos que eles mesmos instituíram são os 7 canais pelos quais a Graça de Deus é trazida aos homens.

A Bíblia ensina que o único canal da Graça de Deus é o Senhor Jesus. A igreja católica acrescentou mais estes 7 canais pelos quais o homem pode receber a Graça de Deus.

Quais são este canais ou sacramentos?

1 – O Baptismo. Segundo a igreja católica o baptismo regenera a alma fazendo-nos filhos de Deus. (João 1:12) Segundo eles o baptismo tem o poder de lavar o pecado original com que se nasce como os que se cometerão depois. (I João 1:9)

2 – Confirmação. Pela Confirmação recebe-se o fortalecimento da alma, para a capacitar a lutar valorosamente. (Ef. 6:10)

3 – Eucaristia. Ao participar da Eucaristia se recebe o próprio Cristo, o pão vivo, alimento da alma. (I Cor. 11:24)

4 – Penitencia. Pela penitencia se consegue e alcança o perdão de Deus. (Act. 3:19/I João 1:9 Hb. 9:9/10:11)
5 – Unção do doentes (Extrema Unção). Através deste sacramento só aplicável pelo sacerdote ou pessoa elegida pela igreja, se recebe a graça da cura ou de morrer bem. (Lc. 23:43)
6 – Ordem ou Santo Clero.  O clero da igreja é que eleva os homens à dignidade do serviço de Deus. Só por meio da consagração feita pela igreja se recebe poder e capacidade aos que são chamados para servir a Deus. (I Pd. 2:5,9 I Cor. 12:28 / Hb. 2:4)
7 – O Matrimónio. Pelo matrimónio realizado pela igreja os cônjuges recebem a graça para se amarem e criarem filhos na graça e conhecimento de Deus.

Esta é uma estranha mistura de verdade e erro. È a frustração total daquilo que é a verdadeira Graça de Deus.

Os sacramentos implicam em que para se alcançar algo de Deus, é necessário mérito. Este é um ensino estranho e contrário à palavra de Deus.

Existem outros que muito embora não ensinem ou apresentem sacramentos como canais da graça, falam de uma graça também estranha ao ensino Bíblico.

Dizem eles que na realidade o homem por si mesmo não consegue cumprir a Lei, mas que a Graça de Deus o capacita a cumpri-la e que devido a isso o homem é salvo.

A Bíblia exclui totalmente uma tal possibilidade.

1 – Isto não satisfaria a justiça de Deus com respeito aos pecados cometidos antes. Mesmo que fosse possível alguém a partir de um determinado momento deixar de pecar, ainda assim acabaria sendo condenado pela Lei pelos pecados cometidos anteriormente.

2 – Uma salvação assim faria com que Jesus não tivesse qualquer parte nela. Se a Graça nos salva-se e nos fizesse seres perfeitos, seria Graça, mas uma Graça separada de Jesus, e não é isso que a Bíblia ensina ser a verdadeira Graça de Deus. Gl. 2:21

3 – Se a Graça nos capacita-se a cumprir a Lei, então o salvador seria o Espírito Santo e não Jesus, porque é o Espírito Santo o administrador da Graça, sendo por Sua acção que louvamos e servimos a Deus. No entanto como ensina a Bíblia não é o Espírito santo o salvador e sim Jesus.

O anjo quando anunciava a José o nascimento de Jesus disse-lhe para que lhe desse o nome de Jesus porque Ele salvaria o seu povo dos seus pecados. Mt. 1:21

4 – O N.T. fala do novo nascimento ou regeneração do crente, nunca dizendo que a natureza pecaminosa é aniquilada, dizendo apenas que uma nova natureza sem pecado é implantada na pessoa regenerada.

O homem nascido de novo enquanto permanecer no seu corpo mortal, continuará sujeito aos pecado, mas como alma revivificada possui agora uma nova natureza sem pecado que lhe dá a possibilidade de subjugar a sua velha natureza e viver uma vida vitoriosa sobre o pecado, nunca uma vida perfeita e isenta de pecado porque quanto a deixar de pecar em definitivo, isso só sucederá no dia em que receber um novo corpo celestial que não estará mais sob corrupção e influencia do pecado. Gl. 5:17 I João 1:8/2:1

O pecado merece e terá de ser punido. Não poderá haver justiça sem a punição do pecado.
A Graça de Deus perdoa o pecado e salva, mas na base da justiça já satisfeita. Justiça que foi satisfeita na Pessoa de Jesus. (Ef. 1:7) Porque em Cristo a justiça de Deus foi satisfeita, Deus pode perdoar e salvar o pecador.

Um juiz recto e justo não pode ignorar os crimes cometidos pelo réu e que foram provados em tribunal absolvendo-o. Tal juiz perderia sua credibilidade e seria despedido de suas funções.

Deus perdoa o pecador porque um dia em Jesus a justiça foi satisfeita, tendo Ele pago por todos os nossos crimes e pecados.

Conclusão.

A Graça não salva dando-nos sacramentos, ordenanças e cerimónias para efectuar.

Os mandamentos, ordenanças ou cerimónias que a Bíblia refere ou pede que sejam feitas, nunca confundamos, nada têem que ver com salvação, fazem parte apenas de sinais que damos ao mundo do Deus a quem seguimos e servimos.

A Graça salva da culpa e da pena do pecado colocando-as sobre Cristo. Ele limpou-nos de toda a culpa, Hb. 9:26 e levou sobre Si todos os nossos pecados. I Pd. 2:24

“Graça” disse um dia Spurgeon: “é tudo por nada; Cristo de graça, perdão de graça, céu de graça”

Saulo de Tarso era fariseu zeloso e orgulhoso, que se orgulhava da sua rectidão própria, mas um dia a Graça de Deus operou nele o arrependimento e a fé.
Esta Graça o fez repugnar-se a si mesmo e amar a Cristo. Até aí ele dependia das tradições dos seus antepassados e dos ritos da sua religião, como a circuncisão e os sacrifícios, mas como ele mais tarde escreveu aos Filipenses 3:1-9, “Quando a Graça lhe revelou a Cristo, ele passou a considerar tudo isso como esterco, passando a regozijar-se na justiça que vem pela fé em Jesus”.

Graça é Cristo pagando por nosso pecados lá na cruz, satisfazendo a justiça da Lei. Ali nossa dívida ficou saldada e agora nós podemos saber que colocando nossa fé em Jesus, a Graça que vem pela fé em Jesus, isso nos dá salvação.

DEUS
A Providência de Deus
Daniel 4:35 Mateus 10:29,30
A palavra providência não é encontrada na Bíblia. Ela é usada como um nome para o ensino bíblico que Deus é o Governador sempre presente de toda a criação.
Neste mundo existem as mais variadas opiniões sobre Deus, assim como a forma como o Universo funciona e é governado.
Cada religião, poderemos até dizer, cada pessoa tem suas ideias e opiniões sobre este assunto.
Uma das perguntas mais frequentes que os descrentes fazem é a de quem controla ou governa este mundo.
Existem 4 opiniões básicas e distintas quanto ao que sucede neste mundo.                   
• Uns dizem que tudo acontece segundo as leis físicas da natureza. Estes são os racionalistas. São os que não crêem em nada que nãos se explique segundo fundamentos naturais. A sua fé vem pelo microscópio ou pelo tubo de ensaio feito nos seus laboratórios.
• Há outros crêem que tudo que acontece é resultado da sorte ou do azar. Para eles nada do que acontece é fixo. Tanto pode acontecer uma coisa como outra qualquer.
• Uma outra ideia é a de que tudo acontece por força impessoal do destino. Para estes a ideia deles é que tudo está dependente de um destino ao qual não se pode escapar, é como se tudo já estivesse escrito.
• Por fim temos o ponto de vista bíblico e cristão que crê e ensina que tudo o que acontece é pela Providência de Deus, pois é Ele como Criador, quem administra toda a Sua criação.
Definição da Providência
Para o cristão Providência significa Deus. Deus é quem governa sobre a Sua criação.
Só com esta visão se pode dizer como Job disse: “o Senhor o deu, o Senhor o tomou…” (1:21) e não como disseram os filisteu infiéis: “isto nos sucedeu por acaso” (I Sm. 6:9).
O Senhor Jesus disse um dia: “meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5:17) Deus não se encontra desocupado. Ele não é como o atleta ou o trabalhador que precisa descansar ou parar para ter forças no dia seguinte. Deus está atento a tudo e nada acontece sem o Seu conhecimento e permissão. (Mat. 10:29)
Alguns perguntam: “se Deus é quem governa, porque Ele não melhora as coisas?” Esses tem ideias sobre como seria melhor e até ao que parece acham-se capazes a ensinar Deus a como fazer melhor.
Eles diriam a Deus para destruir o diabo, matar todos os ditadores, os criminosos e os que não amam a paz… Sendo o Deus Todo-Poderoso, Ele poderia fazer tudo isto e muito mais, mas não serão os homens a quem Deus criou que lhe vão dizer ou ensinar o que deve fazer.
A Bíblia diz que Deus faz tudo segundo o conselho da Sua própria vontade (Ef. 1:11) Não é pelos conselhos dos homens ou pelas circunstâncias que Deus trabalha ou opera, mas é segundo aquilo que Ele mesmo entende deve ser feito.
Observando pelas aparências talvez disséssemos que o mundo é governado pelo diabo. Ou então pelos políticos, ou pelos grandes empresários, etc.
Não existem dúvidas que Deus por razoes que só Ele sabe tem permitido tanto a Satanás como aos homens fazerem coisas que Deus não aprova e mesmo abomina, mas apesar disto tudo Deus está acima no Seu Trono fazendo que mesmo a ira do homens o louve. (Sl. 76:10) Como o salmo 33:10; os homens decretam, mas Deus anula seus intentos quando bem quer.
ASPECTOS DA PROVIDÊNCIA DIVINA.
Há, pelo menos, três aspectos da providência divina.
1) Preservação. Deus, pelo seu poder, preserva o mundo que Ele criou. A confissão de Davi fica clara: “A tua justiça é como as grandes montanhas; os teus juízos são um grande abismo; SENHOR, tu conservas os homens e os animais” (Sl 36.6). O poder preservador de Deus manifesta-se através do seu filho Jesus Cristo, conforme Paulo declara em Cl 1.17: Cristo “é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele”. Pelo poder de Cristo, até mesmo as minúsculas partículas de vida mantêm-se coesas.
2)  Provisão. Deus não somente preserva o mundo que Ele criou, como também provê as necessidades das suas criaturas. Quando Deus criou o mundo, criou também as estações (Gn 1.14) e proveu alimento aos seres humanos e aos animais (Gn 1.29,30). Depois de o Dilúvio destruir a terra, Deus renovou a promessa da provisão, com estas palavras: “Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão” (Gn 8.22). Vários dos salmos dão testemunho da bondade de Deus em suprir do necessário a todas as suas criaturas (e.g., Sl 104; 145). O mesmo Deus revelou a Jó seu poder de criar e de sustentar (Jó 38—41), e Jesus asseverou em termos bem claros que Deus cuida das aves do céu e dos lírios do campo (Mt 6.26-30; 10.29). Seu cuidado abrange, não somente as necessidades físicas da humanidade, como também as espirituais (Jo 3.16,17). A Bíblia revela que Deus manifesta um amor e cuidado especiais pelo seu próprio povo, tendo cada um dos seus em alta estima (e.g., Sl 91; ver Mt 10.31). Paulo escreve de modo inequívoco aos crentes de Filipos: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus” (ver Fp 4.19 nota). De conformidade com o apóstolo João, Deus quer que seu povo tenha saúde, e que tudo lhe vá bem (ver 3Jo 2).
3) Governo. Deus, além de preservar sua criação e prover-lhe o necessário, também governa o mundo. Deus, como Soberano que é, dirige, os eventos da história, que acontecem segundo sua vontade permissiva e seu cuidado. Em certas ocasiões, Ele intervém directamente segundo o seu propósito redentor. Mesmo assim, até Deus consumar a história, Ele tem limitado seu poder e governo supremo neste mundo. As Escrituras declaram que Satanás é “o deus deste século” [mundo] (2Co 4.4) e exerce acentuado controle sobre a presente era maligna (ver 1Jo 5.19 nota; Lc 13.16; Gl 1.4; Ef 6.12; Hb 2.14). Noutras palavras, o mundo, hoje, não está submisso ao poder regente de Deus, mas, em rebelião contra Ele e escravizado por Satanás. Note, porém, que essa auto limitação da parte de Deus é apenas temporária; na ocasião que Ele já determinou na sua sabedoria, Ele aniquilará Satanás e todas as hostes do mal (Ap 19—20).
A NATUREZA DA PROVIDÊNCIA

– É MISTERIOSA. Aos olhos dos homens o mundo parece estar em completa desordem e confusão. O mundo parece um campo de batalha entre vontades opostas.

Se olharmos para as abelhas, aparentemente não há ordem no seu movimento de vai e vem de lá para cá, mas se olharmos o seu mel, veremos um plano incrível de ordem.

Do mesmo modo que vemos as abelhas guardando o seu mel para os tempos de necessidade, ao mesmo tempo vemo-las colonizadas pelo homem para seu proveito, assim também os homens trabalham e planeiam e enquanto isso estão sob domínio de Deus para Sua própria honra e glória.

A Bíblia fala de que os julgamentos e pensamentos de Deus são profundos e vão para além da nossa compreensão. Quando o homem questiona porque Deus não faz isto ou aquilo, devemos crer que Deus está agindo e fazendo algo, mas que agora não entendemos.

PROVIDÊNCIA EM TODAS AS COISAS.
Deus criou tudo e tem tudo sob Seu controle, seja homens, animais, a natureza, como também as forças do mal. (Cl. 1:16,17 Hb. 1:3)
Em Génesis no relato da criação diz que depois de haver criado tudo, Deus descansou.
O facto de Deus ter descansado não significa que Ele estava cansado, significa apenas que Deus estava satisfeito com a Sua obra. Seu descanso não significa cessação do Seu trabalho. Deus continua trabalhando no sustento e administração da Sua criação. (João 5:17)
COMO DEUS ESTÁ GOVERNANDO O MUNDO HOJE?
Deus está governando o mundo não se manifestando aberta e publicamente, mas em providência secreta e misteriosa.
1 – Deus ao mesmo tempo que governa este mundo, tem dado a Satanás permissão e oportunidade de revelar-se mostrando o que ele faria se pudesse. O QUE ELE FARIA SE PUDESSE?
Exactamente o que tem feito, mais o que tenta fazer mas não tem permissão de Deus para fazer. Isto é, destruir tudo o que Deus fez e faz de bom e procurar usurpar o lugar de Deus. Esse é o seu propósito desde que se rebelou muito antes da criação do homem, ao cobiçar o lugar de Deus. (Is. 14:13)
2 – Do mesmo modo em providência Deus permite ao homem oportunidade semelhante, de demonstrar o que ele faria se tivesse poder. O QUE FEZ E TEM FEITO O HOMEM?
No início da criação Deus deu ao homem liberdade de escolha pondo-o à prova. Deus colocou diante do homem duas árvores que simbolizavam duas verdades importantes.
A arvore da vida simbolizando que o homem não é todo suficiente, antes que depende de Deus por completo. Havia também a arvore da ciência do bem e do mal, simbolizando que o homem não é soberano nem faz o que bem quer, nem que é ele quem determina o que é bem e o que é mal, sendo Deus quem determina isso.
Esta árvore era para fazer lembrar o homem que Deus era o Senhor da criação. Deus determinou o que Adão e Eva podiam ter e não ter, não cabia a eles determinarem por si próprios. Eles estavam sujeitos a Deus pela obediência, sua vida e felicidade dependiam da sua obediência, como no fundo acontece ainda hoje.
Sabemos o resultado e consequências. Deus permitiu a Satanás entrar no Jardim do Éden e tentar Eva. Ela cedeu e com Adão transgrediram o mandamento do Senhor, deixando de obedecer a Deus caindo no mesmo pecado que Satanás tinha cometido, a cobiça do lugar de Deus.
Satanás mentindo-lhes disse-lhes que se comessem da árvore se tornariam como Deus. Eles desejaram isso e pensando que seria possível, esqueceram-se de que eram meras criaturas e da sua obediência que deviam ao Senhor, desobedeceram tornando-se rebeldes.
Desta história nós compreendemos o quão trágico é o pecado, como aprendemos a sua definição. Pecado tem por base a atitude de Adão e Eva, que  a de competir com Deus por Sua autoridade.
Pecado é transgredir a vontade de Deus, começando por contrariar a Sua autoridade, ou seja a autoridade de Sua palavra. Depois disto disse Deus: “eis que o homem é como um de nós, sabendo (determinando) o bem e o mal…” (Gn. 3:22)
O homem tornara-se independente de Deus, determinando por si próprio o que era recto, começando assim a competir com Deus pela soberania e pelo determinar o que era mal ou bem. Por isso Deus mostrou-lhes quem na verdade era o Soberano, expulsando-os daquele Jardim, julgando-os com vários outros castigos que lemos ali em Génesis.
Quantas vezes não ouvimos as pessoas dizerem que não vêem mal algum nesta ou naquela situação quando se trata de algo que Deus condena claramente? Poderia dizer-se: que mal havia em Adão e Eva comerem daquela árvore? O mal estava em primeiro lugar em que Deus tinha dito: “Não comerás”. Que mal havia em Moisés ter batido na rocha? Porque Deus dissera: “Fala à rocha” (Nm.20) Que mal havia em Uzá ter segurado a Arca quando esta ia a cair? Porque Deus tinha dito que somente os sacerdotes podiam carregar e tocar a Arca, (II Sm. 6) e que nenhumas outras mãos humanas podiam fazê-lo, etc. etc.
Os homens porque não compreendem ou entendem as razões das proibições de Deus, acham-se no direito de as questionarem e dizerem que não há mal nisso. Os mandamentos de Deus são baseados na Sua vontade Soberana, sendo certo que Deus tem motivos em tudo que ordena, e como Soberano absoluto, Ele não tem necessidade ou está sequer obrigado a justificar ou revelar seus motivos à Suas criaturas. (Is. 45:9)
A PROVIDÊNCIA É PREVENTIVA.
Apesar de vermos e ouvirmos o que vai por este mundo em questão de pecado e maldade, e nos parecer que o grau de pecado chegou ao máximo, pela palavra de Deus ficamos a saber que não fora a intervenção do poder de Deus a controlar, o mundo estaria muito pior.
Deus exerce a Sua força reprimidora contra os perversos não permitindo que cometam todos os pecados que seria possível eles cometerem.
Em Génesis nós vemos um exemplo de como Deus em determinadas alturas impede que certos actos e pecados fossem cometidos. Gn. 20:6 Abimeleque tinha intenção de tomar Sara esposa de Abraão por sua mulher, mas Deus o impediu ao intervir directamente falando com ele. Nem sempre Deus age desta forma que só Ele pode, mas existem muitos testemunhos de pessoas que foram tentadas a cometer certos actos mas na hora de o fazerem, algo os impediu. Foi Deus certamente.
Ex. um jovem numa posição importante em que lidava com muito dinheiro conta que um dia planeou fazer um roubo, pois seria difícil descobrir-se que fora ele. No dia em que estava preparado para efectuar o referido roubo ele encontrou um pequeno cartão com o versículo: “não ajunteis tesouros na terra…” Através disto ele foi impedido de roubar e passou a ver nisto um acto claro da Providência divina para que não o fizesse.
Quantos de nós não poderíamos lembrar-nos de situações idênticas em que Deus nos impediu de executarmos os desígnios de nosso coração?
A PROVIDÊNCIA É PERMISSIVA
II Rs. 20:12-19  II Cr. 32:30,31  Muitas vezes Deus permite que o homem manifeste o mal que há em seu coração. Sucedeu assim com o rei Ezequias. Deus colocou-o à prova para que fosse manifestado o que seu coração escondia. Não foi para saber, pois Deus sabe tudo antes de acontecer, mas para que fosse manifesto.
No Salmo 81:12,13 lemos o que Deus fez com Israel. Em Rm. 1:24,28 vemos o que Ele fez com os ímpios. Em Actos 14:16 o que fez com as nações. Por vezes e a Bíblia nos confirma isso, sucede que os filhos de Deus passam momentos dolorosos e maus, mas que Deus permitiu para nosso bem ou para a Sua glória.
A Bíblia diz que todas as coisas concorrem para o bem daquele que amam a Deus, e para em tudo darmos graças. Rm. 8:28 I Ts. 5:18. ( Ilustração: um humilde ancião velhinho de uma pequena igreja certa vez ao subir ao púlpito tropeçou e caiu. Uns jovens que ali iam para troçar dele, começaram a desafia-lo para dar graças por aquela queda. O ancião então começou a orar e disse: “Graças te dou ó Deus porque nem sempre é assim”. Temos ou não temos razão para darmos graças em tudo?
Sabemos que Deus a ninguém tenta para o mal (Tg. 1:13), no entanto Deus faz com que os actos pecaminosos dos homens acabem por fazer cumprir Seus propósitos.
Temos o exemplo Bíblicos de José. Seus irmãos pecaram ao vendê-lo como escravo, tendo Deus permitido que isso acontecesse acabou por ter sido o próprio Deus como diz o próprio José, quem o enviou para o Egipto. (Gn. 45:8 – 50:20)
O exemplo da crucificação de Jesus. Deus o enviou para morrer, mas não foi Deus quem influenciou ou obrigou os homens a fazê-lo, mas eles o fizeram, fazendo com que o propósito de Deus se cumprisse. Assim estão acontecendo muitas coisas neste mundo que não se compreendem ou podem explicar, mas que muitos deles fazem parte de um propósito que está contribuindo para o plano de Deus para o homem em particular e para o mundo em geral.
Isto e muito mais poderia ser dito acerca da Providência de Deus. Agora compete-nos a nós acatar e obedecer os mandamentos e vontade de Deus, desejando que através de nós Deus seja glorificado e honrado, não por meio da nossa rebelião mas por meio daquilo que Deus quer que sejamos, que é o de vivermos em santidade e piedade (II Pd. 3:11).

Que Deus abençoe todos vós
Extraído de livros e estudos.

Composto por: Carlos A. Oliveira
Setembro 2008