Muito haveria a dizer sobre o que trata este capitulo, mas gostaria apenas que reflectíssemos sobre o que nos dizem os versos que lemos, que nos falam da importância de cada um de nós na obra de Deus neste mundo e que está ligado à Sua Igreja neste mundo.
Por vezes parece haver da parte daqueles que lideram a ideia de que são os mais importantes, tão importantes que por vezes dão a entender que Deus até nada poderia fazer se eles não existissem.
Por outro lado, são por vezes outros que fazem deles isso mesmo, criando-lhes a imagem de quase deuses, ao ponto de se tornarem seus seguidores incondicionais, que caso venha a suceder eles se desviarem, eles irão ter inevitavelmente o mesmo fim, pois se tornaram seguidores do homem e não de Deus.
Por este problema estar a surgir em Corinto, o ap. Paulo procurou desmistificar este assunto dizendo-lhes que aqueles que estavam seguindo esta via de distinção pessoal, entre aqueles que lhes ministravam a palavra de Deus ao ponto de estarem a criar divisões entre eles, estavam a ter um comportamento carnal.
Paulo acrescenta ainda que os que são ministros de Deus, não passam de instrumentos pelos quais Deus os tinha levado a crer, e que cada um deles ministrava segundo as capacidades que recebera de Deus.
Significava isto que o homem não é nada sem Deus e que todos, cada um de maneira diferente são cooperadores de Deus na Sua obra, mas que o construtor é Deus, e ninguém poderá fazer nada, sem que Deus o tenha ordenado ou pré-determinado.
A igreja em Corinto era rica em defeitos, mas foi graças aos seus defeitos, que nós hoje temos ensinos importantes para que não caiamos nos mesmos erros, e se casualmente isso acontecer, já sabemos como proceder, não tendo desculpa tentando justificarmo-nos por ignorância.
Este era um dos defeitos que ali se desenvolveu e que levou o E.S. a conduzir o ap. Paulo para a sua resolução, e que ao mesmo tempo deixou para nós lições e ensinamentos preciosos.
Paulo chama a atenção dos Coríntios para que aqueles que aos nossos olhos são grandes vultos ( no caso, Paulo, Apolo, ou Cefas), não são mais que cooperadores de Deus, e que era errado eles estarem a formar partidos dentro da igreja de Cristo, pois que Cristo não está dividido (1:13).
Todos nós que já lemos sobre os feitos de Apolo, de Paulo e de Pedro, sabemos das qualidades espirituais que possuíam, devendo dar graças a Deus por eles, assim como por aqueles que hoje entre nós continuam este trabalho dentro da igreja do Senhor, e que são usados por Ele para a nossa edificação.
Mas jamais, deveremos cair no erro ou sequer na tentação de os “endeusar” ou fazer deles objecto da nossa admiração como se a obra de Deus deles depende-se, sabendo que dentro da lavoura de Deus, eles são somente cooperadores.
Lavoura de Deus
O apostolo usou aqui uma figura para a Igreja, como sendo a lavoura de Deus.
Este termo encerra dentro de si algo de muito importante e que nos diz tudo, sobre o que representa ser um cooperador de Deus e da dureza do trabalho que esse cargo implica.
Para muitos ser um cooperador de Deus poderá significar viver no luxo, à sombra de outros, passar o tempo sentado a estudar ou em retiro e congressos, em resumo, uma vida fácil e sem grandes dificuldades.
Não é isto que a ideia de trabalhar na lavoura que Paulo usou nos transmite.
Como bem sabemos, a terra por natureza ganha espinhos e ervas más, onde se criam cobras e bichos prejudiciais a culturas sadias.
Para que a terra se torne produtiva, há que retirar os espinhos e matar a bicharada, depois cavar essa terra e seguidamente fazer a plantação ou sementeira. Depois, é indispensável cuidar regando e removendo as ervas más que vão aparecendo e põem em causa a sobrevivência da plantação.
Só depois de tudo isso e muito mais árduo trabalho irá chegar a hora da colheita.
O lavrador natural deste mundo em muitos casos tem até a possibilidade de escolher a terra que pretende cultivar e devido ao conhecimento que tem deste ou daquele terreno, ele escolhe o que lhe dá à partida maior garantia de uma boa colheita.
O cooperador de Deus não tem esse direito ou privilégio de escolha, pois ele não pode conhecer qual é a boa terra onde o fruto irá brotar, esse conhecimento e escolha é Deus quem a faz.
O Senhor Jesus manda-nos a que falemos e preguemos a Sua palavra de salvação a todos sem excepção, porque só Ele sabe e conhece os corações que irão receber de bom grado a Sua palavra.
Era mais fácil para o cooperador de Deus falar de Cristo, escolhendo as boas pessoas, que aparentemente são “terra” mais mole e limpa e daria menos trabalho e esforço. Mas Cristo não permite que sejamos nós a escolhermos o solo onde semear, porque já foi escolhido e são todos os corações. Porque todos tem a mesma necessidade, e Jesus quando morreu, morreu por todos e não apenas por aqueles que nós consideramos bons.
O insucesso
Há outro aspecto na lavoura e para o qual se deve estar preparado, caso contrário nem valerá a pena iniciar o que quer que seja. É o aspecto do insucesso.
O insucesso e a decepção estão ligados fazendo parte da vida de todo o agricultor.
O agricultor possui inimigos bem identificados que sem cessar tudo fazem para destruir ou reduzir ao mínimo o sucesso do seu trabalho.
Isto acontece também com aqueles que trabalham na lavoura de Deus.
A lavoura natural e a lavoura de Deus tem em comum os inimigos que com a sua acção provocam estragos impedindo uma colheita a 100%.
Existem diversos agentes que atacam a lavoura.
Uns atacam prejudicando a plantação já na fase do nascimento, outros, é durante o crescimento, e outros por vezes, já em fase de maturação.
Um dos agentes bem conhecidos, p. ex. são as aves.
O Senhor Jesus na Sua parábola do Semeador, fala que depois da semente ser lançada vieram as aves e comeram parte dela, por esta ter ficado num local menos propício.
Existem outras razões pelas quais outras sementes não chegam a germinar.
O agricultor tem suas maneiras e formas para combater estes agentes inimigos do seu trabalho. O cooperador que trabalha na lavoura de Deus, também necessita ter e usar formas de combate contra os inimigos do seu trabalho.
Algumas dessas formas são p. ex. vigiar a plantação e cuidar de cada planta, espantar as aves quando estas se aproximam, regar e remover as ervas que não foram plantadas mas que surgiram. O cooperador de Deus está limitado à sua condição de homem não podendo muitas vezes, ver esses inimigos, mas ele pode fazer este combate orando e usando a palavra de Deus, deixando aquilo que diz respeito à colheita nas mãos do Senhor.
Assim como o agricultor nada pode fazer para além de semear, cuidar e regar, sendo Deus a fazer o resto, assim é também com o cooperador de Deus.
Depois que a semente é lançada e fica submersa na terra, decorre um processo evolutivo que dá origem à planta, mas em que o homem não participa.
Simplesmente aguarda com paciência e fé na exclusiva acção maravilhosa de Deus.
Em Marcos 4:26-28, Jesus falou deste processo, que é o processo que corresponde à parte em que Deus actua e em que o homem vê surgir o fruto sem saber como, e como depois de este surgir à luz do dia, então o homem pode ver a continuação deste processo.
O cooperador de Deus fala a palavra (lança a semente). De seguida é Deus que faz o que o homem não pode fazer, que é dar vida nova a uma alma.
Depois de uma alma ter nascido de novo, vamos então a partir daí ter oportunidade de a ver crescer e dar fruto e vamos sentir muita alegria por isso.
É então a partir deste momento e durante todo o tempo até que venha a ceifa que o cooperador de Deus passa a ter de trabalhar afincadamente para cuidar e proteger estas almas dos perigos e dos ataques que surgem de muitas maneiras.
P. ex. “A SECA”
Este mundo é um lugar onde se estará sempre sujeito a atravessar momentos difíceis, que queiramos ou não, irão ter influencia sobre a nossa vida.
Devido a circunstancias inevitáveis e que até poderão ser comuns, iremos atravessar momentos ou mesmo períodos em que ficaremos secos e vamos estagnar. Parar de crescer, de dar fruto, ou dar um fruto de menos qualidade e pouco sabor… Esse não é o tempo para a resignação ou o desanimo, mas o tempo de buscar ainda com mais fervor ao Senhor e a Sua palavra. Palavra que é a água para nos dar de novo a força para uma vida cheia de fruto.
O Senhor quer que sejamos plantas fortes e sadias que dão fruto a 100%.
Mas se devido a alguma provação ou dificuldade viermos a atravessar seca em nossa vida e o nosso fruto diminuir ou deixar de brotar, há só uma forma para resolver o problema. Pedir ao Senhor que mande chuva abundante sobre o nosso coração.
Ele sabe como e o que é preciso, mas se lhe pedirmos e permitirmos que Ele o faça, de certeza que Ele o fará e voltaremos a produzir de novo aquele fruto de boa qualidade e em quantidade.
A Mostardeira.
Para terminar gostaria de vos falar da parábola da mostardeira, fazendo uma aplicação desta parábola para nos avisar sobre um dos grandes perigos para a Lavoura de Deus, perigo que não vem de fora, mas se encontra em si mesma. Marcos 4:30-32
Esta parábola é de teor dispensacional, referindo-se ao Reino de Deus representado no contraste de inicio insignificante, mas que rapidamente cresce tornando-se num reino enorme e glorioso com lugar para todos os povos da terra.
Esta semente representa a palavra de Deus. A árvore com grandes ramos que dá abrigo e refúgio às aves, é o Senhor Jesus, no qual todos poderão encontrar salvação e protecção contra o juízo de Deus.
Mas como sempre no que se refere às coisas que Deus faz, o inimigo procura fazer sua imitação. Como aconteceu na parábola do Joio (Mt. 13:25) em que depois de ter sido lançada a boa semente, pela calada o inimigo vem e semeia o joio.
No caso da mostardeira também poderemos falar de uma imitação que é bem visível, e cada vez mais notória nos nossos dias.
A falsa mostardeira hoje em dia é representada por uma falsa cristandade em que como bem conhecemos se agrupam inúmeros grupos religiosos que se denominam de cristãos, mas que na realidade os seus ensinos nada tem a ver com Cristo, mas o que eles ensinam são preceitos dos homens, se base alguma na palavra de Deus, a Bíblia. A falsa cristandade não fala d o estado espiritual ruinoso em que o homem se encontra e da sua necessidade de um novo nascimento, que como consequência uma transformação de vida e abandono do pecado, seguindo a santificação.
Fala-se de Cristo não como Salvador da alma e que livra o homem da condenação do inferno, mas que resolve problemas físicos, familiares e financeiros, e isto é aquilo que interessa às pessoas.
Jesus teve como principal motivo para vir a este mundo, não o de resolver os problemas materiais ou temporais das pessoas, mas por causa da sua necessidade espiritual e da sua condição de condenados à perdição. ( O filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido, disse Ele a Zaqueu)
Vemos aqui o começo da grande Babilónia descrita em Ap. 18, também chamada de Grande Prostituta, que representa a falsa igreja que surgirá em grande força na época da Grande Tribulação, com o anti-cristo como seu líder, e que se lê em Ap. 18:2 se tornará em covil e morada de demónios, e todo o género de ave imunda…
O falso cristianismo também produz a sua sombra e dá abrigo a muitos, mas facilmente notamos que essa sombra não é boa, pois debaixo dessa sombra não existe vida, a penas morte.
È isto que sucede debaixo de uma árvore que não permite que o sol penetre. Nada vive ou cresce debaixo dessa árvore, ou quando muito é débil e raquítico.
Sob a sombra de Cristo existe vida abundante. Não existe pecado nem esterilidade, confusão ou incerteza, mas santidade e segurança plena.
Devemos ter cuidado e ver à sombra de que mostardeira nos encontramos, analisemos bem se não nos temos abrigado debaixo desta falsa mostardeira que tem vindo a crescer muitíssimo, tendo grandes ramos, dando uma falsa segurança a quem ali tem procurado abrigo.
O Senhor Jesus é inimitável, mas só para quem é cuidadoso em analisar bem todas as coisas.
Se assim fizermos não seremos enganados, e no dia da ceifa o nosso destino não irá ser o fogo, que é para onde vai a palha que nada produziu, mas o nosso destino será uma eternidade ao abrigo do Senhor Jesus.
Que nenhum de nós esteja seguindo os homens, abrigando-se nessa falsa árvore e venha a descobrir tarde demais esse seu erro.
Só Jesus dá verdadeiro refúgio e salvação. Os homens, as religiões, as filosofias deste mundo tem-se tornado imitações de aparente segurança, mas na realidade são falsos e inúteis refúgios.
Confia somente em Cristo, só nEle terás plena segurança e salvação.